Papo de Quinta: Só para...


Se você preferir ouvir o podcast e comentar, escute AQUI

No post da semana passada, quando falo do "Sagrado Feminino" (Confira AQUI), recebi vários comentários de pessoas me parabenizando por compartilhar minha história e por se inspirarem e se identificarem e isso me deixou muito feliz. Agradeço a todas que comentaram e compartilharam o post. Essa coluna vai ser um espaço para abordarmos várias questões do universo da mulher, seja ela empreendedora de um negócio, empreendedora de si mesma, galgando uma carreira, empreendendo uma relação, criando filhos e exercendo sua essência feminina e temas do empreendedorismo, de modo geral.

Hoje eu trouxe a questão do espaço e das ideias, na hora em que nós mulheres vamos dar a nossa opinião. 
Na mesa de bar, na mesa de reunião do projeto, na mesa de tomada de decisão com a diretoria de empresa, na roda de amigos...por que parece que quando nós mulheres vamos falar, os homens fazem cara de reprovação, tentam nos cortar de imediato e nos atropelam e isso nos intimida? Nos intimida tanto que começamos a adotar a introdução "Só para...", como se tivéssemos que pedir desculpas pela nossa audácia em dar uma opinião...
Você já se deu conta de quantas vezes você timidamente, antes de dar a sua opinião, à frente do seu parceiro, melhor amigo, chefe, colega de trabalho diz antes: "Só para..."

Por que será que isso ainda acontece? Por que parece que temos o mesmo espaço que o homem, mas parece que somos sempre colocadas à prova e temos que ser excepcionais ou o que vamos falar deixa de ser relevante, por que será que os homens não tem muita paciência para nos ouvir e parece estar sempre sacudindo a cabeça para que pensemos que eles já entenderam e suprimirmos o que iríamos terminar de dizer?
Você se identifica? Como é essa realidade aí na sua vida prática? Seja no âmbito pessoal, seja no âmbito profissional? Conta pra gente nos comentários!

Recentemente eu passei por uma experiência onde realizo palestras e cursos, na ação de endomarketing de uma empresa onde o meu marido também passou a atuar e estar presente.

Eu, que buscava a afirmação e feedback dele, durante as minhas falas, o percebia ansioso, sacudindo a cabeça, como se já tivesse entendido e me dando sinal de que eu estava falando bobagem ou eu estava falando demais, ou que eu estava tomando muito tempo das pessoas...e em um ato de amadurecimento da minha parte, nos eventos seguintes eu resolvi ignorar solenemente e não olhar mais para ele, mas sim para a platéia e para o meu relógio para me certificar de que eu estava dentro do tempo e precisava correr.

Isso me libertou...claro, com quase 40 anos e com 11 anos de relacionamento e muita experiência profissional conjunta e espaços divididos, eu precisei crescer, amadurecer e não fazer disso uma grande briga...mas, resolver de maneira prática, 

Quando somos muito inseguras e precisamos de um feedback de alguém exageradamente e essa pessoa não te dá um feedback positivo ou não te dá feedback, o melhor é parar de contar com esse feedback e buscar outros, ora bolas!

Simplificar a vida e valorizar o que é importante.

Para não ser injusta, por umas duas vezes, eu perguntei ao Rodrigo porque ele fazia aquilo nos eventos, na hora que eu ia falar e ele dizia que estava preocupado com o tempo. Realmente os eventos atrasaram por forças externas, algumas vezes, mas talvez ele não tivesse percebido a sequência de eventos em que ele teve a mesma atitude e talvez não faça por mal, assim como pode acontecer com você em seu universo. Por isso, mais que esperar que o outro mude, minha dica é: mude você! Ocupe seu espaço, venda seu talento, diga que você fez, o quanto você é boa naquilo que faz (invista sempre em você), o quanto seu trabalho é bom, o quanto você é talentosa, porque os homens são acostumados a fazer isso e fazem isso muito bem, são marketeiros de si mesmos e acabam conseguindo a melhor vaga, contam a piada mais engraçada e são mais felizes e ah, tem os melhores salários. E talvez devamos aprender isso com eles e nos valorizarmos mais, cuidarmos da nossa estima, como bem relata a Karin Hueck, escritora, jornalista e editora da Superinteressante, no Hypeness Talks.

O fato da minha situação com Rodrigo ao voltar trabalhar com ele em algumas situações é  que ele não mudou, mas eu mudei...quando de fato, foquei na plateia, no assunto, no tema e me libertei da necessidade de apoio, afirmação e reconhecimento da parte dele. Talvez para ele isso tenha sido bom também, porque eu parei de reclamar, cobrar feedback etc e comecei a vender meu peixe como a minha própria marketeira.

Lógico que amo a cumplicidade e as trocas de olhar e sei que temos muito o que caminhar em nossa relação, principalmente quando temos plateia, quando rolar de olhar para o Rodrigo e ve-lo mandando aquele olhar de "Você está mandando muito bem, ou é a melhor" vou ficar muito feliz, mas não preciso depender disso para viver ou para ser a profissional que eu sou.

Sem querer aumentar a onda de Mi mi mis e sem querer criar um problema entre os casais, na verdade esse post é para gente pensar um pouco sobre porque isso acontece.

Por que a diferença entre os gêneros ainda é tão mega e ruim?
Por que a mulher embora tendo alcançado status, carreira e sucesso não tem o mesmo espaço para se colocar?
Por que parece que os homens são mais brilhantes? Gênios? Inventores?
Por que parece que por trás de grandes homens haverá sempre uma grande mulher, limpando, organizando, mantendo a paz e o equilíbrio para que ele seja gênio e não o contrário?

Não seria bom dividir mais as tarefas, mesmo as que não estão claras, como levar o cachorro ao veterinário, trocar o gás, levar o filho ao médico, manter o calendário de vacina, trocar a roupa de cama, escolher o cardápio, cozinhar, lavar toda a louça, etc?

Assim, o tempo livre, o ócio e a liberdade poderiam ser mais aproveitados por cada um, especialmente nas convivências familiares. Que tal?

Não seria interessante falar com menos medo, tirar o "Só para"...da frente e expressar-se com veemência e dar importância e relevância a quem realmente te reconhece e valoriza? Mesmo que para isso você tenha que mudar de emprego ou de parceiro?

Ou, será que abordar esse tema e chamar atenção para o fato de que homens dominam as conversas nas rodas de amigos, nas mesas de bar e nas mesas de diretoria não abriria mais espaço para que as mulheres se coloquem mais, sem parecer que estão incomodando ou precisem dizer..."Só para...", "Só rapidinho, é que..."

Eu sei que há mulheres avassaladoras, megeras, e que tolem e tiram o espaço de homens brilhantes também, mas estatisticamente, a maioria diz o contrário e essa questão é muito importante e nós mulheres incríveis, cheias de ideia, com muita colaboração e contribuição em várias áreas de atuação e do conhecimento merecemos uma introdução melhor antes de nos colocarmos, do que: "Só para...", você não acha?

Que tal treinar diante do espelho, gravando no celular, boas introduções para anunciar o que você vai dizer, para ganhar atenção e destaque?

Eu me inspirei em uma matéria, que li, senão me engano no Globo...quando achar, coloco aqui na íntegra...quem achar, me manda o link por favor!

Esse post tem duas novidades: o podcast que você ouve (com dois minutos e pouquinho) e é convidado a participar do debate, o vídeo (com cerca de 20 minutos) abaixo que você pode assistir ou colocar para ouvir enquanto você trabalha ou lava a louça e faz uma reflexão sobre essa situação.

Confira o vídeo AQUI




Filmes interessantes para refletir as questões femininas e masculinas no mercado de trabalho, nas relações e na criação dos filhos




Do que as mulheres gostam, com Mel Gibson - sobre uma disputa por uma vaga em uma agência de publicidade







Esses filmes são boas oportunidades de introduzir de forma leva o tema no trabalho e também com o parceiro, em casa e com os filhos.

Minha mãe dizia que nós mulheres somos responsáveis pela educação dos filhos e criamos os homens, então podemos mudar a cabeça deles e o mundo.

O que você acha?







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