Queria ser eternamente criança

         Hoje, com quase trinta anos, sinto uma saudade dos tempos de criança. Sinto saudades do tempo em que as minhas únicas preocupações eram as brincadeiras na rua, as notas da escola, e o bicho papão que morava embaixo da cama. Sinto saudade do tempo em que a única casa que eu precisava cuidar era a casa da minha Barbie, sinto saudades das minhas filhas de pano, e do cheirinho de bolo da minha mãe assando na cozinha.
         Hoje, com quase trinta anos, lembro como era bom o tempo de criança, quando morava no interior, brincava de pique na rua, queimada, taco, elástico e amarelinha. Como era bom fazer guerrinha de mamona e descer ladeiras imensas de patins sem medo de cair. Como eu era corajosa! 
         Olho pra trás e lembro com estranheza de toda a coragem que eu tinha e que a vida adulta me tirou. Não haviam medos de cair, de quebrar braço ou perna, de ralar o joelho, de comer fruta do pé sem lavar. Parece que a gente cresce e fica medroso e sem anticorpos. Vão-se uns medos, mas outros tomam conta. O tempo que antes passava devagar, agora voa. 
          As férias, que eram sinônimo de diversão, hoje, se não tiver wifi, são tediosas. Doce, não pode! Engorda demais… Leite e e pãozinho com manteiga, nem pensar! Tem glúten e lactose…         Descobrimos inúmeras intolerâncias ao longo da vida, mas no fundo, acho que nos tornamos intolerantes mesmo é com a própria vida. Nos tornamos carrancudos e pouco abertos aos novos amigos. Quando adultos, não falamos com estranhos, mas quando crianças qualquer indício de sorriso pode ser início de uma bela amizade. Ai que saudade!
         A palavra infância em si já inspira felicidade, lembrar dela então, dá uma sensação gostosa. Nostalgia reina aqui em casa, e algumas hábitos de infância permanecem. Ver desenho, jogar video game, andar de patins, fazer piquenique… Acho que o que importa é não perder a essência e e manter o espírito de criança vivo dentro da gente. Ser criança é um estado de espírito, que pode nos manter leve pelo resto da vida.





Comentários