Quando o virtual vale mais que o real...



          Olá queridos, 

          É claro que hoje não eu poderia deixar de falar sobre o que aconteceu em Paris. Não vou falar dos atentados em si, mas da enxurrada de comentários que vi nas redes sociais, de pessoas “tomando partido” de Mariana, dizendo que brasileiros tem que solidarizar com as tragédias brasileiras, e blá, blá, blá, só porque o tio Zuckerberg disponibilizou um aplicativo que permite que as pessoas coloquem a cor da bandeira francesa na foto de perfil, assim como aconteceu com as cores do bandeira do orgulho gay, lembram?
          No entanto, só vou usar isso como fio condutor para uma outra discussão, ok? Ok!
          Pra começar, o perfil de cada um e o que é postado em cada um deles é da conta do seu dono, e ninguém é obrigado a ver, certo? Não gosta do que o outro posta? Em vez de se estressar, dá unfollow no coleguinha... Menos um problema na vida. Não precisa excluir, bloquear, brigar... Nada disso! Mas não é só isso, gente: o fato de uma pessoa se solidarizar com uma tragédia não deslegitima sua solidariedade por outra tragédia. O Facebook não fez aplicativo pra tragédia de Mariana, mas isso não diminui o valor e o impacto dela. 
          As pessoas estão muito conectadas na rede social, e deixando de lado a rede real. As pessoas estão levando muito a sério o que rola na timeline, esquecendo o que rola do lado de cá da tela de retina. Orei por Mariana, mas também orei por Paris, e isso não faz de mim menos brasileira, ou uma traidora da minha nação.
          As pessoas estão criando caso por qualquer motivo nas redes, e se o amiguinho excluiu do Facebook, então, acabou o mundo. Galerinha, sejamos razoáveis. Não sei desde quando a vida virtual se tornou mais importante do que a real, mas o fato é se tornou. Precisamos de uma vida com menos likes e mais amor, né? E olha que isso não é discurso #easyliving, não. 
          Tiro isso por mim, que trabalho nas redes sociais full time, e quando vejo, acabou a semana e eu sequer saí da minha casa, não vi gente, não vivi realidade nenhuma que não fosse a virtual. Na internet fazemos de tudo hoje: amigos, inimigos, pedimos comida, consultas via skype, pagamos contas, namoramos… O contato com o outro ficou cada vez mais escasso, o que tem nos tornado menos tolerante, pois na rede cada um mostra o lado que é mais conveniente, mas só convivendo no dia a dia que aprendemos a tolerar as diferenças, os defeitos, o lado sem filtros da vida.
          Nos tornamos mais seletivos, a medida que aceitamos menos as imperfeições das pessoas, pois nos acostumamos a vê-las em seu melhor ângulo, em todos os sentidos. E eu confesso, que tenho um pouco de preguiça, as vezes, de lidar com pessoas, afinal, é muito mais fácil resolver a vida pelo WhatsApp, e na pior das hipóteses, mandar um emoji, que muitas vezes diz mais que 1000 palavras. 
          É claro que não desmereço a internet e as maravilhas que ela me proporciona... Com ela eu consigo me manter próxima dos que amo, mas que estão fisicamente longe, sem contar no quanto ela tornou a vida prática. Só acho que as vezes, a gente erra na dose, e se excede, se expõe, se limita. Isso aqui não é um julgamento, é só uma reflexão, com uma pitada de autocrítica, pois quando escrevo, me vejo, e automaticamente me policio. Quero uma vida com menos likes e mais abraços, pois sinto tanta falta do tempo que eu era menos virtual, mais real, mais gente, mais carne e osso, mais humana… 

          

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